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Das sanções à Rússia ao drama do Shakhtar na Ucrânia: como segue o futebol após um ano de guerra

A guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano nesta sexta-feira. O ge preparou um resumo dos desdobramentos no futebol local após 365 de ataques russos ao território ucraniano.


Na Rússia, que seguiu com seu campeonato normalmente, as punições foram severas. Os clubes russos foram excluídos de competições da Uefa na atual temporada. Além disso, a seleção nacional foi banida das eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 e da Liga das Nações no futebol masculino, além de ficar de fora da Eurocopa de 2022 e do Mundial de 2023 no feminino.


O país também perdeu o direito de se candidatar para sediar a Euro 2028 e teve sanções a importantes marcas e personalidades russas, como a "Gazprom", que perdeu contratos com o Schalke 04 e a Uefa, e Roman Abramovich, que optou por vender o Chelsea após receber punições.


Na Ucrânia, o efeito foi imediato com o início do conflito. O futebol local foi suspenso e não houve um campeão nacional nem clubes rebaixados na temporada 2021/22. O futebol voltou em agosto do ano passado, com o início da atual temporada, com diversas medidas de segurança, como a ausência de público e presença de militares nos estádios.


A "liquidação" do Shakhtar

Antes da guerra, 30 brasileiros atuavam na Ucrânia, 13 deles no Shakhtar Donetsk. Todos deixaram o país, apoiados pela regulamentação da Fifa, que liberou atletas estrangeiros a assinarem com outros times. O Shakhtar, que perdeu diversos brasileiros, se vê prejudicado pela entidade máxima do futebol.


- A Fifa liberou todos os nossos jogadores estrangeiros de graça e outros clubes nem falam com a gente. Pode imaginar que Tete foi do Lyon para o Leicester e nem sequer assinamos um papel? Por exemplo, tínhamos um jogador e ele tinha um ano e meio de contrato, mas não congelaram o contrato entre o jogador e o Shakhtar. Deixaram-no jogar um ano onde quisesse e este ano está incluído no nosso contrato. Após este ano, ele faz um pré-contrato com qualquer um e nós perdemos nosso dinheiro. O atleta que a gente comprou, sei lá, do Brasil, por € 15 milhões - disse o diretor de futebol do Shakhtar Darijo Srna, ao podcast Football Ramble.


Jogadores como Júnior Moraes, Marlos, Alan Patrick, Maicon e outros, optaram por retornar ao Brasil. Outros nomes, como Dodô, Marlon, Marcos Antônio, Tete e David Neres foram para outras ligas do futebol europeu. O Shakhtar Donetsk se juntou a oito clubes russos para processar a Fifa, mas teve recurso rejeitado na Corte Arbitral do Esporte (CAS).


- Não sei o que dizer. Estou realmente chocado. Porque o trabalho deles é proteger os jogadores e os clubes. Ninguém (da Fifa) ligou. Nenhuma conversa. Eu realmente não sei. Eu só quero convidar alguém deles em Kiev ou Kharkiv. Agora eles podem ir comigo no carro e eu vou mostrar a eles. Talvez eles comecem a pensar de outra maneira. Não queremos algo que não é nosso. Só queremos respeito - afirmou Srna.


Na atual edição, Shakhtar atuou sem brasileiros na Champions pela primeira vez no século


Na quinta-feira, o Shakhtar perdeu para o Rennes, mas se classificou às oitavas de final da Liga Europa após disputa por pênaltis. O sorteio dos confrontos da próxima fase acontece nesta sexta.


A sequência do futebol na Ucrânia

Após a saída dos 30 brasileiros que atuavam na Ucrânia e o retorno do futebol na temporada 2022/23, outros atletas nascidos no Brasil optaram por atuar no país apesar da guerra. Hoje são 19 brasileiros com contratos vigentes com clubes ucranianos. Dois deles, o atacante Talles Brener, e o volante Edson Fernando, retornaram após terem dificuldades de deixar o país por conta da guerra.


- Estou de volta ao Rukh Lviv! Decisão difícil de ser tomada pelo momento que vive o país, mas bem pensada pela minha família e meus empresários. Pesou o sonho de jogar na Europa e de conseguir alcançar voos mais altos. Desde já agradeço a Deus por me dar saúde e coragem para enfrentar esse desafio e por estar fazendo o que escolhi para minha vida - disse Edson Fernando, que voltou ao futebol ucraniano neste mês após empréstimo ao Atlético-GO.


Entre os 17 novos nomes que tomaram a decisão de jogar na Ucrânia apesar do conflito, estão o lateral Lucas Taylor, único atual representante brasileiro do Shakhtar Donetsk, que foi procurado pela reportagem e preferiu não comentar o assunto por motivos de preocupação da família.


Outro brasileiro que foi atuar na Ucrânia após a guerra é o lateral-esquerdo Anderson Pico, ex-Grêmio e Flamengo. O gaúcho de 34 anos assinou com o Metalist ao início da atual temporada, mas já retornou ao Brasil após entrar em litígio com o clube pelo não recebimento de salários. Ao ge, o atleta contou como foi a experiência no país.


- Eu peguei a situação de jogar em Kiev. Foi uma das cidades atacadas. Vi algumas construções em destroços. Prédios destroçados, com vidraças caindo. Raramente a gente ia jogar lá. Eu joguei pouco. Mas foi um período conturbado. Durante o dia todo e a madrugada era sirene tocando com ameaças de ataques no país. A cidade que eu estava vivendo estava vivendo naturalmente. Mas o sentimento era muito ruim de você ouvir a sirene e não saber onde vai cair a bomba - disse Anderson Pico.


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Atletas brasileiros com contratos com clubes da Ucrânia:


Dnipro - Max Walef, Hayner, Gabriel Gomes, Idemindo e João Peglow

Shakhtar Donetsk - Lucas Taylor

Vorskla - Lucas Ramires, Felipe Rodrigues, Gabriel Nazário, Ricardo Lopes e Marlyson

Metalist 1925 Kharkov - Igor Henrique e Wendel

Metalist - Anderson Pico

Rukh Vynnyky - Jefferson Vinicius, Edson Fernando e Talles Brener

FC Lviv - Higor e Vitor Pernambuco

O futebol ucraniano teve Shakhtar Donetsk, Dínamo de Kiev e Dnipro atuando normalmente nas competições europeias da atual temporada. O último dos três clubes, que conta com cinco brasileiros, lidera o campeonato nacional. Todas as partidas da Liga Ucraniana estão sendo disputadas na região da capital Kiev e mais duas províncias do oeste do país.


Na Rússia, a debandada não foi tão grande. Apesar de nomes como o atacante Yuri Alberto, do Corinthians, e os defensores Pablo e Ayrton Lucas, do Flamengo, terem deixado o futebol local, hoje o número de brasileiros (17) é maior do que antes da guerra (13).


Atletas brasileiros com contratos com clubes da Rússia:


Zenit – Douglas Santos, Rodrigão, Wendel, Gustavo Mantuan, Claudinho e Malcom.

CSKA – Willyan Rocha e Moisés

Krasnodar – Kaio Pantaleão e Kady Borges

FK Sochi – Miguel e Joãozinho

Krylia Sovetov – Fernando Costanza

Lokomotiv Moscou – Lucas Fasson

Khimki – Léo Andrade e Marcos Guilherme

Torpedo – Jajá


Afastados das competições de clubes e seleções organizadas pela Uefa e pela Fifa, o futebol nacional segue normalmente na Rússia. O Zenit lidera a Liga do país com seis pontos de vantagem sobre o Spartak Moscou. O brasileiro Malcom, com 12 gols, briga pela artilharia da competição, desempenho que o levou a ser cogitado pelo PSG na última janela de transferências.

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