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Queda no lucro dos grandes bancos americanos mostra que pior está a caminho

Os grandes bancos norte-americanos reforçaram o coro de que o pior está por vir, ao abrir a temporada de resultados do terceiro trimestre nos Estados Unidos. Os lucros caíram dois dígitos, quando comparados um ano antes, em meio à contínua fraca atividade de bancos de investimentos, apesar da subida de juros no país, que beneficia as receitas. Pesou ainda um reforço bilionário nas provisões para futuras perdas e que chancelou um sombrio diagnóstico dos banqueiros de Wall Street para a economia, o que impacta em cheio os negócios.


O lucro líquido combinado de Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Morgan Stanley e Wells Fargo alcançou US$ 29,545 bilhões no terceiro trimestre. O montante representa um baque de 22,73% em um ano, quando foram registrados US$ 38,238 bilhões. A baixa equivale a cerca de um trimestre de lucro do JPMorgan, maior banco dos Estados Unidos em ativos.


"Um fator que contribui para o declínio é que os bancos estão relatando provisões significativamente mais altas para perdas com empréstimos no terceiro trimestre em relação a 2021?, diz o vice-presidente e analista sênior da FacSet, John Butters.


Colchão

Depois de elevar drasticamente o colchão para empréstimos arriscados no primeiro semestre de 2020 em meio à covid-19, no ano passado, os bancos nos EUA reduziram substancialmente essas reservas na esteira da recuperação econômica e o relaxamento das restrições por conta da pandemia. Agora, voltam a reforçá-las com temores crescentes de recessão no país e no mundo, como reflexo do agressivo aperto monetário para controlar a escalada da inflação. No terceiro trimestre, os seis maiores bancos dos EUA fizeram um reforço de cerca de US$ 2,5 bilhões para futuras perdas.


O reforço das provisões é bem-visto no mercado. "A maioria dos grandes bancos parece estar bem preparada para uma desaceleração, já que os índices de capital permanecem saudáveis e as recompras de ações foram adiadas mais por razões regulatórias do que econômicas", avalia o chefe de pesquisa de ações do Julius Bär, Philipp Lienhardt.


Os grandes bancos nos EUA mantêm quase US$ 1 trilhão em capital, cifra que cresceu nos últimos anos, segundo o Financial Services Forum, entidade que defende os interesses dos grandes bancos em Washington. Além disso, essas instituições fizeram reforços adicionais após testes de estresse do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais duros do que do ano passado, e novos aumentos estão previstos para 2023.


Como pano de fundo, a perspectiva de que o cenário ainda vai se deteriorar mais para começar a melhorar. "Há evidências acumuladas de desaceleração do crescimento global, e agora esperamos experimentar uma recessão contínua no país a partir deste trimestre", disse a presidente do Citigroup, Jane Fraser, a investidores, acrescentando que a perspectiva de uma deterioração global se confirmou


Em compasso de espera, CEOs miram oportunidades

Com o cenário econômico sombrio, os CEOs estão em compasso de espera, de acordo com o presidente do Goldman Sachs, David Solomon. "Eles me dizem que estão repensando as oportunidades de negócios e gostariam de ter mais certeza antes de se comprometer com planos de longo prazo", disse, a investidores e analistas, esta semana.


Em meio a projeções mais duras para a economia, o Goldman Sachs anunciou que vai reorganizar seus negócios em três áreas centrais: gestão de ativos e de patrimônio (asset & wealth management), banco de investimento e mercados globais (global banking & markets) e gestão de plataformas (platform solutions). O negócio de varejo ficará dividido entre as duas últimas.


Criticado por suas ambições no banco de consumo, o CEO do Goldman Sachs afirmou que o banco está recuando em negócios de varejo que não são rentáveis. Mas disse que a estratégia e as metas do gigante de Wall Street estão mantidas. "As mudanças fortalecerão ainda mais nossos negócios principais," afirmou.

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