A Copa do Mundo no Catar começará apenas em 20 de novembro com o duelo entre os donos da casa contra o Equador, e dia 24 para a Seleção Brasileira contra a Sérvia, mas a ansiedade já toma conta do técnico Tite. Em seu segundo Mundial na carreira, o treinador revelou, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, que a expectativa é a mesma vivida há quatro anos na Rússia.
"Sou humano, não sou um super-homem. Experiências todas que tive na minha vida elas não retiram essa emoção na minha vida. Eu tento no dia a dia fazer o meu melhor. Mas quando tem pergunta pra mim assim: 'Tu fica ansioso?' Falo pra não ficar falando isso. Aí fico já projetando, jogando já o primeiro jogo. Mas fazer tudo certinho no dia a dia é forma mais racional, mais inteligente para gente construir um grande Mundial", afirmou.
Por conta de condições climáticas mais adversas no Catar no meio do ano (verão com temperaturas perto ou até acima de 40ºC), a Fifa decidiu fazer a Copa no final do ano, em novembro e dezembro, quando o clima é um pouco mais fresco, na casa de 28ºC. Assim, jogadores que atuam no futebol europeu se beneficiaram e poderão disputar o Mundial no meio da temporada, muito perto do auge da forma física. Perguntado sobre o assunto, Tite explicou como a competição desse ano será diferente da de 2018.
"Tu me remeteu a fazer comparativo. Não tinha pensado no comparativo de uma para a outra. Mas aí eu começo a pensar nas características que tu falou. Os campeonatos europeus estarão na metade, então em termos físicos e em termos mentais os atletas não estarão tão desgastados. A gente sabe que aspecto psicológico interfere de uma maneira extraordinária. Quando vamos fazer uma entrevista com vocês (jornalistas), a gente se prepara, fica pautado com números, com ideias. Nós nos preparamos para conversar com vocês. Os atletas também, da mesma forma, a exigência técnica da performance é alta. Então na Europa ele estará um pouquinho mais "fresh" (fresco). No Brasil vai estar mais desgastado", comentou o técnico.
"E eu quero acrescentar mais um aspecto. No Catar, no mundo árabe, no jogo há um desgaste físico maior. A frequência do estímulo de velocidade, de ida e de volta, ela é maior, te desgasta. Tive experiência no mundo árabe. E daqui a pouco tu fica com a bola e o ritmo não mais tão intenso. Pode ser então que a qualidade técnica do atleta mais rápido, mais ágil, mais móvel, em cima inclusive da condição climática, possa ser melhor que do atleta mais pesado, de mais força. Possa ganhar uma intensidade num aspecto físico de contato. Mas não no aspecto técnico, nem no aspecto velocidade na execução de jogadas", completou a explicação.
Pensando nesses aspectos e nos mais de seis anos à frente da seleção, especialmente neste ciclo para o Mundial no Catar, Tite revelou já ter 75% de sua lista de 26 jogadores. "Tem uma porcentagem sim. Um esboço daqueles atletas que constantemente a gente tem convocado. É difícil falar em termos de número, mas 75% talvez. Mas sempre a gente vai… O Bruno (Baquete, analista de desempenho) tem dados específicos da diferença de uma Copa e outra em termos de tempo, de jogos", disse o treinador, passando a bola para o membro de sua comissão.
"A gente vai ter só 10 dias de preparação para essa Copa e a média entre um jogo e outro de só três dias. Além disso é uma lista de 26 nomes, diferente da outra Copa e são cinco substituições. Tudo isso a gente vai levar em conta para chegar nesta lista final de 26 nomes. Inclusive de onde virão essas três vagas a mais. Se serão na defesa, no meio ou no ataque. Então, tudo isso está sendo discutido para gente na lista final", afirmou.
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